11 de set. de 2008

Brasil empata em 0x0 com a lanterna das eliminatórias

Após uma boa vitória contra o Chile, o pensamento geral era de que a Bolívia seria mais uma presa fácil. Jogando em casa contra um adversário fraquíssimo e embalada pela última vitória, a seleção brasileira tinha todas as condições favoráveis pra mostrar um futebol pelo menos razoável e pontuar na tabela das eliminatórias. Não há necessidade de comentar o jogo. A essa hora que faço esse post, todos já devem estar cansados de ler que o Brasil não jogou nada, ou de assistir pela televisão e YouTube o show de horrores exibido ontem á partir das 22 horas no Engenhão. Ao invés de mostrar o que ficou claro na exibição, vamos tentar analisar as razões por trás da irregularidade e das atuações nada convincentes da nossa seleção, começando por algo que todos julgam ser o maior problema atualmente: o técnico.

Dunga foi anunciado como novo técnico da seleção após o fracasso na Copa do Mundo de 2006, no dia 24 de Julho. A escolha deixou alguns desconfiados, pois se tratava de uma pessoa que até então, nunca havia treinado clube album. Era um iniciante. Outros sentiram-se felizes, acreditando que ele seria um treinador durão e acabaria com o "oba-oba" entre os jogadores causado durante a Copa, além de lembrar de suas características como jogador que para os otimistas, já o qualificavam para o cargo. Fez sua estréia contra a Noruega, empatando em 1x1. Logo em seu segundo jogo como treinador de futebol, enfrentava a Argentina. E comandava do banco uma vitória fantástica e convincente por 3x0. 

Desde então, foram 41 jogos (contando com o torneio olímpico), sendo 29 vitórias, 7 empates e 5 derrotas (para Portugal, México, Venezuela, Paraguai e Argentina na Olimpíada), e um aproveitamento de 70%. Conquistou a Copa América, com outra vitória brilhante sobra a Argentina sobre 3x0, e a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Pequim, perdendo na semi-final, para a mesma Argentina que devolveu os 3x0. Fez várias convocações estranhas, como Afonso Alves, até então desconhecido; Vágner Love e Jô, "sumidos" na Rússia; Elano, que era reserva do Shakthar Donetsk por conta de seu mau relacionamento com o técnico; entre outras. Grande parte dos convocados pelo treinador foram vendidos em negociações milionárias. Coincidência ou não, após ser vendido por cerca de R$ 50 milhões ao Middlesbrough, Afonso não foi mais convocado. Talvez não houvesse necessidade dele continuar sendo exposto na vitrine verde-amarela.

Onde quero chegar com isso? Só quero mostrar que a situação da seleção brasileira não se deve a qualidade ou falta dela por parte de Dunga. O capitão do tetra não passa de um mero fantoche da CBF. É tão manipulado a ponto de o próprio Ricardo Teixeira bancar a convocação de Ronaldinho Gaúcho para as Olimpíadas. O treinador nada pode fazer, nem ao menos queria contar com o jogador. Mas está lá exclusivamente para isso, por causa do jogo de interesses da CBF que não acaba nunca. Por conta disso, vários amistosos realizados por muito dinheiro (que nunca é re-investido no futebol brasileiro) e contra equipes nem tão fortes resultam em ilusões momentâneas. O time só é colocado a prova em situações de extrema pressão da imprensa e da opinião do povo no país.

Dentro de campo...

Durante a Copa da Alemanha, tudo ia as mil maravilhas Os toredores que hoje criticam impiedosamente, apoiavam e achavam graça na farra brasileira nos treinamentos. Quando Zidane e Henry eliminaram o Brasil da Copa, o carisma da seleção foi pro espaço. Ronaldo, Roberto Carlos, Cafu, Ronaldinho, foram todos cruxificados. A confiança dos brasileiros na equipe nacional nunca mais foi a mesma, e ao menor sinal de queda na qualidade do futebol apresentado, críticas caem sobre o grupo atual. 

Contudo, após a Copa, o Brasil conseguiu atuações e resultados interessantes. Massacrou a Argentina em duas oportunidades, ganhou a Copa América, deu show contra o Equador no Maracanã e conquistou muitas vitórias seguidas contra equipes de pequeno e médio porte. O bom futebol só é exibido quando existe pressão sobre a seleção. Basta lembrar da final da Copa América, onde o Brasil jogou demais e acabou com a favoritíssima Argentina de Messi e Riquelme. Ou mesmo do resultado mais recente, os 3x0 contra o Chile. Antes da partida, havia um clima enorme de desconfiança no ar, seja pelas últimas rodadas das eliminatórias (0x2 Paraguai, 0x0 Argentina), seja pelo fracasso olímpico. O resultado foi um time totalmente focado e com vontade de mostrar valor. Embora não tenha sido a melhor atuação do Brasil nesse período, foi nítida a raça dos jogadores, digna de quem precisa muito de se afirmar. Contra a Bolívia, era esperada a mesma raça, que ficou em Santiago. O placar talvez não tenha sido o pior. O futebol exibido foi de arrepiar os cabelos. Nenhum pingo de criatividade. Nenhum lampejo de craque de nenhum dos jogadores. A melhor chance de gol do jogo foi do time visitante, a Bolívia, última colocada das eliminatórias. Não digo que faltou somente vontade. Um bom técnico teria resolvido o problema e furado o bloqueio boliviano, afinal, jogar com 2 volantes e 1 centroavante contra um time que não sai da defesa, é pra chorar. Ainda mais contando com atuação inspiradíssima do árbitro (talvez o melhor "jogador" do Brasil em campo), que viu o sofrimento dos poucos torcedores no Engenhão e resolveu expulsar um coitado boliviano injustamente, dando a vantagem numérica ao Brasil por mais de 40 minutos.

Assim como as seleções de Portugal, Alemanha e Inglaterra, o Brasil só joga quando pressionado, nas situações mais críticas. Aposto com quem quiser que contra a Venezuela, no dia 11 de Outubro, a seleção vence fácil e faz uma grande partida. Ainda mais contando com Kaká, que é um dos poucos que hoje ainda chama a responsabilidade e decide a nosso favor.

Bola cheia: dupla de auxiliares - em uma noite de péssimo futebol, a atuação da dupla talvez tenha sido a única coisa a se salvar. Anularam corretamente várias vezes seguidas muitos ataques brasileiros, não temendo a opinião da torcida local.
Bola murcha: o resto - os dois times em campo foram sofríveis. O público então, uma vergonha, sendo que vários espaços do estádio ficaram vazios.  Vexame dentro e fora de campo...

Image Hosted by ImageShack.us


Ainda pela 8ª rodada das eliminatórias sul-americanas para a Copa de 2010, outros 3 jogos ocorreram ontem:

Peru 1 x 1 Argentina
Resultado péssimo para o treinador Alfio Basile. A Argentina, apesar da medalha de ouro em Pequim, vive situação semelhante a do Brasil. O treinador também está na berlinda, e o time não convence os fanáticos argentinos, que ficaram ainda mais frustrado vendo o gol de empate peruano sair aos 48 do segundo tempo. A Argentina tem 13 pontos e é a 3ª colocada. O Peru amarga a penúltima posição.

Chile 4 x 0 Colômbia
Mesmo sem Valdívia, os Chilenos aplicaram uma goleada na seleção colombiana. A reabilitação ajudou o Chile a alcançar a 4ª posição, com os mesmos 13 pontos de Brasil e Argentina. A Colômbia segue em sexto lugar.

Uruguai 0 x 0 Equador
Assim como o Brasil, os uruguaios decepcionaram e empataram sem gols em casa. Estão agora na 5ª posição, com 12 pontos. O Equador é dono da sétima posição.

Um comentário:

guizel disse...

dunga escala eu, rs